Gostaria de apresentar o conceito de “COOPETIÇÃO”. É quando concorrentes de mercado unem forças para alcançar objetivos maiores. Nesse caso pegamos o primeiro lote de cafés especiais, na primeira colheita de café desses produtores. Como um incentivo para continuarem a fazer esse trabalho, que já rendeu bons frutos, e apresentar Cléria e Gerio para a comunidade do café especial.
Nós valorizamos o produtor e o produto. Acreditamos que o café especial é muito mais que um café melhor. É qualidade de vida para o produtor e a melhor maneira para agregar valor na sua produção. O café tradicional, que fica dias mofando, que seca cheio de poeira, etc. Além de fazer mal para a saúde do produtor, no final da safra não dá o retorno que deveria. Esse lote por exemplo custou mais que o dobro da cotação. Apesar do trabalho extra na preparação, acredito que vale a pena.

Cléira é sobrinha do João Delpupo, que já foi uma edição dos Microlotes da Treviso. Ela entrou em contato oferecendo esse café fermentado. A principio não me chamou muita atenção, pois não sou muito fã dos cafés fermentados. Mas alguma coisa me disse que deveria dar uma olhada. Então Lorranzeira e eu fomos provar o café.
Chegando lá começamos a conversar. Gerio explicou, que até então era verdureiro e plantava pimentão, baroa, etc. A propriedade foi herdada de seu pai, localizada no município de Afonso Cláudio, com altitude média de 1100m. Como a família de Cléria mexia com café, ela tinha um sonho de também ter sua lavoura. Fizeram um plantio com diferentes variedades, para ver qual se adaptaria melhor, colocaram um sistema de irrigação e foram tomando gosto pela cultura.
Era a primeira vez que estavam produzindo café. Gerio viu no Tiktok como fermentar e resolveu fazer o teste. Sim, Tiktok. O café foi colhido bem maduro, retirado o boia e os verdes. Depois colocaram num saco plástico com uma mangueira amarrada na boca e a ponta dentro de uma garrafa com água. Isso impede o contato do café com o oxigênio, que resultaria numa fermentação acética, deixando o café com gosto de vinagre. E possibilitou a fermentação, que trouxe complexidade, aroma e sabor.

Ao leva o café para secar na estufa do vizinho, ele falou: Deixe eu tirar o meu, senão esse seu vai catingar café!
No final das contas saiu um cafézão! Apesar de ser fermentado é um café muito limpo. Tem uma acidez muito boa, é bastante doce e aromático. E o que mais chama atenção é o frutado marcante, lembra maracujá, frutas vermelhas, jabuticaba. Um café no estilo Terezinha e Fernando Douro, quem lembra desses vai adorar esse novo lote.
Produtor: Cléria e Jodigerio Pereira
Local: Alto Guandu – Afonso Cláudio-ES
Variedade: Catucai 785
Processamento: Fermentado
Pontuação: 87 pontos
Sensorial: Maracujá, morango, jabuticaba, Chocolate

